Virou regra?
Pela terceira vez em meses recentes um jogador que reclama do racismo vindo das arquibancadas é punido duplamente.
Dessa vez foi o goleiro reserva do Vasco, atacado em uma partida da Sul-Americana, na Bolívia.
Primeiro, eles foram punidos com o preconceito em si. Depois, com cartões dados por quem deveria ficar ao seu lado.
Afinal, o árbitro é a autoridade maior em campo. Sendo autoridade, deveria punir as injustiças e não os injustiçados.
É como se ele desse cartão para o jogador que recebeu a falta e não para quem a fez.
Como sempre, porém, o futebol repete a vida em seu entorno. E, assim, as autoridades que deviam zelar pela regra e agir contra o que é errado, revertem esse sentido.
Fora isso, é preciso atentar para esse crescimento de ataques racistas, da xenófobos e intolerantes. Eles não são fatos isolados ou de indivíduos preconceituosos agindo sozinhos.
São uma questão política, coordenada por movimentos ultra-direita, fascistas, neo-nazis etc., que viram nas arquibancadas uma forma de buscar apoiadores.
E o fazem atacando negros e estrangeiros. Mostrando a cara e dizendo “nós não temos medo de ser racistas (fascistas, neo-nazis). Se você também não está satisfeito com isso que está aí, venha para o nosso lado”.
Os jogadores – todos! Negros, brancos, asiáticos etc. – precisam se unir contra o racismo e a xenofobia que vem tomando conta nos estádios. E fora deles também.
Só a união dos profissionais – apoiados por torcedores e pela imprensa – poderá ser capaz de pressionar os donos do negócio (patrocinadores e empresários do mundo da bola) e as autoridades públicas a agirem dignamente.
Mais uma vez, usando a fala da Angela Davis, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista.
Um movimento mundial precisa ser levantado pelos boleiros. Caso contrário, um dia será tarde demais!