Democracia Fútbol Club — O futebol além das quatro linhas

Enquanto a série não fica pronta, vai aqui um resumo do que você vai ler em breve.

POR ROBERTO JARDIM
bobgarden@gmail.com
@bobbgarden

Seria possível encontrar 11 titulares para um time com um sugestivo nome de Democracia Fútbol Club?

Foi procurando nomes para um escrete assim que, em 2016, apareceram, numa primeira pesquisa, cinco ou seis jogadores. E não saía disso. Não daria nem para montar um quadro de futsal, já que nem goleiro havia sido encontrado.

Assim, para não ficar nesses poucos, exigiu-se quase dois anos de pesquisas. Foram assistidas dezenas de documentários — Les Rebelles du Foot, apresentado pelo francês Éric Cantona, é uma obra imprescindível nesse sentido –, lidos outros tantos de livros — Futebol à Esquerda, do espanhol Quique Peinado, também é basilar. Além de um punhado de entrevistas por telefone, e-mail, WhatsApp e outros meios que a tecnologia nos disponibiliza hoje em dia.

E, afinal, quem são os 11 escolhidos?

1 — Claudio Tamburrini — O goleiro que driblou Videla

O camisa 1 argentino deu uma gambeta na ditadura do seu País. Fugiu dos porões da tortura e sobreviveu para escancarar as atrocidades para o mundo.

2 — Agustín Lucas — O zagueiro intelectual

Além de conseguir unir todos os jogadores uruguaios em prol de um futebol mais justo para seus profissionais, este xerife charrua escreve poemas, contos e crônicas.

3 — Lilian Thuram — Um campeão contra o racismo

É o mais vitorioso em campo, com título até de Copa do Mundo. Mesmo assim, não deixou de lutar jamais contra o racismo e outras causas que considera injustas.

4 — Pedro Ariel Graffigna — O volante que encarou os verdugos

O uruguaio Pedrín encarou duas ditaduras, no Chile e no seu País, e ainda ajudou o Defensor de Montevidéu a ser primeiro cuadro chico campeão nacional.

5 — Afonso Celso Garcia Reis — O primeiro homem livre no futebol

Pelé, o rei do futebol disse, em 1972: “Homem livre no futebol, só conheço um, Afonsinho. Esse pode dizer com suas palavras, sem medo, que deu o grito de independência ou morte”.

6 — Obdulio Varela — El jefe da primeira greve

Outro volante uruguaio bom de luta. Fundou o sindicato dos jogadores, comandou a primeira greve de boleiros da história do futebol mundial e ainda levou seu país a conquistar o mundo no Maracanazo.

7 — Carlos Caszely — O artilheiro da dignidade

O gol mais importante da carreira do Rey del Metro Cuadrado foi não apertar a mão de Augusto Pinochet. O segundo, a participação na campanha que pôs fim à ditadura chilena.

8 — Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira — O doutor da bola e da democracia

Craque do Corinthians e sua democracia nos começo dos anos 80. Capitão da encantadora Seleção de 1982. Garoto propaganda das Diretas Já. Precisa mais?

9 — Éric Daniel Pierre Cantona — O encrenqueiro politizado

Craque com a bola no pé e um desastre nas relações humanas. Mesmo assim, é quase um filósofo do mundo do futebol, além de um bom lutador de kung-fu contra os fascistas.

10 — José Reinaldo de Lima — O goleador do punho cerrado

O craque e goleador, foi ceifado dos gramados pelos zagueiros truculentos. Fez questão, porém, de não baixar a voz quando o assunto era ditadura e democracia.

11 — Rachid Mekhloufi — O atacante da revolução

Ele trocou a convocação para a Copa do Mundo de 1958 para lutar pela libertação da Argélia. Depois de independência, voltou a encantar nos gramados franceses.

Técnico — José Ricardo de León — Um técnico adelantado

Foi um revolucionário dentro de campo, fazendo seus times jogarem como uma equipe de basquete — todos marcavam e todos atacavam. Mesmo discreto, também teve sua participação na luta contra a ditadura uruguaia.

A série tem a colaboração de Diego Figueira, na revisão dos textos, e do craque do traço Gonza Rodriguez, nas ilustrações.

Vale agradecer ainda ao Eduardo Rodrigues (pelas leituras e palpites) e ao ilustrador Alexandre Oliveira (pelas ideias inicias).

Quer acompanhar as publicações? Passa lá na página do Democracia Fútbol Club no Facebook.